sábado, 2 de julho de 2011

A estranha e o pirata V - Putarias Poéticas


ARTE DE MATISSE



O Pirata


Dentes podem machucar. Unhas também podem. Olhos que procuram abrigo. Sustos. Desmaios... Negociamos o que exatamente?
Eu arrisco dizer que não negociamos nada ainda. Tudo tem sido apenas ensaio aberto. O espetáculo ainda está as portas... e a boca de cena são nossas bocas em cena.
Eu gostaria muito de saber que coragem estranha foi essa que te bateu. Falando decidida de coisas que até então te coravam até os dedos do pé. Não me parece tão decidida quando senta no meu lado. Apenas sorri maliciosa com vergonha de seus próprios pensamentos. Ou quando fica se repreendendo em sentar-se mais perto num certo bar na lapa, com medo de ser mau interpretada ou bem interpelada, quando apenas era para ouvir e falar melhor. Você anda falando-escrevendo com muita posição. E ai eu fico sempre esperando outro assunto que não seja suas queixas (_ ai eu preciso trepar rapidinho, porém não deixe que ninguém saiba disso que é segredinho!) Textos escondidos nos desdens que você lança como se não precisasse de ar para mergulhar num mar profundo. Não vou falar mais nos seus desejos. Chega. Falarei apenas dos meus. Eu quero trepar. Eu quero saber como funciona seu corpo no ringue. Como você faz para se sentir em êxtase, com que voz você pede carinho. Com que ruído você pede porrada. Eu queria identificar o seu medo de gostar e desejar mais que tudo: repetir... Quero muito atrapalhar o seu juízo nas aulas de filosofia da educação ou sociologia de quinquilharias, pois o melhor dessas aulas seria apenas a pressa de sair e se masturbar. pensando num coito interrompido pelo telefonema de sua mãe que diz aos suspiros que você não a ama mais... e você pensando inquieta: _ Amo sim. Estou amando agora!!!
Eu ainda sou a mesma como você disse. Você não é mais eu lhe digo. Você vai encontrar o que procura. Uma dose malvada ternura.

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