domingo, 12 de outubro de 2008

Os falsos poetas

O que resta ainda nesses dias que tanto maculei?
Estes ou aqueles dias que o afago,fétido afago,
Me presenteou lugares , os mesmos dantes e nunca mais.
O que serão de meus dias vindouros?

Danças, orquestras e orgias já não me trazem estupefação.
É na cólera que me faço, que me analiso.
É nos meus cigarros que encontro o orgasmo.
É como bruxa que tenho agido.

Os livros me seduziram!
Autores,oh pervertidos autores
falsos poetas
O que quereriam vós?
Vós que aturdistes meu vil coração,
Vós que erraram minha alcova,
Vós que me lumiastes o escuro caminho:
Eu vos odeio!

Vós hipócritas que me persuadiram!
que me sequestraram a alma.

É de vós que tenho asco
e de seus discursos sedutores
é fétidos sofismas
Alegrai-vos de minha decadência colossal.

Ordinários, assacinos!
Pestes verminosas!
Autores, vós autores!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Presente de Starla

Presente adiantado:

Abismo

Isso tudo porque não sei lidar com coisas grandes.Sempre me confundo quando penso na dimensão que as coisas tem, e se não consigo medir me assusto, e erro.Não sei dizer se é covardia ou impetuosidade.Faço coisas por pura paixão ou não? Era paixão ou não?Alguém um dia vai me responder, explicará cada tópico sórdido que leva a separação do que consideramos vitais, e mesmo assim não sabemos o que fazer!Nada vem com bula, e o que vem não entendemos muito o que quer dizer. Malditas entrelinhas!Um dia se acorda diferente, e até o ar fica em segundo plano, só porque amamos e tudo isso choca nossa realidade concreta.Me transformei...assustada e feliz por pensar que podia ser para sempre.(Pensem que é pra sempre, continuem a pensar, amem sem rótulos, vivam o bálsamo. Terminem pensando que é a coisa certa, e achem que jamais será tão maravilhoso, sua última chance é essa!)Notem que com o tempo pode não ser bem assim ou ser assim pra sempre, às vezes é desse jeito.Não é tudo, só

Starla Pisces

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

É tudo Brincadeira

texto "É brincando que se aprende..." de Rubem Alves me remete á uma época maravilhosa de minha ( e talvez a de muitos) vida:minha infância.Assim como o autor, eu também era pobre (e ainda , não gozo de boas posições financeiras), e poucas eram as vezes em que tinha a sorte de ganhar um brinquedo (desses prontos que o autor se refere) de aniversário ou quem sabe de natal.A maioria de meus brinquedos eram inventados mesmo.Ou quando não ,eram "aproveitados".Aquele brinquedinho que enjôou um fulaninho rico, e que tambem por sorte foi passado para mim.Eu brincava de andar em cima de latas, com pneu velho, fazia dos potes plásticos usados na cozinha, as minhas "panelinhas", da toalha de mesa a minha barraca de camping.Havia dias que "assaltava" a caixa de ferramentas do meu pai e fazia a minha propria oficina de "coisas que nunca existiram".Sim, isso mesmo.Martelava de um lado, serrava de outro, pintava, pregava....e fazia aquela bagunça á qual eu tinha orgulho de dizer que era "arte".Morava( e ainda moro ) num quintal enorme, com muitas árvores (muitas mesmo) e "pés " de muitas frutas, e nelas me embrenhava brincando de "caçador"(de fato uma brincadeira não muito ecologicamente correta), esmagando lagartas, subindo em árvores,fazendo fogueiras.Enfim, idéias de brincadeiras, era o que realmente não me faltava.Numa certa época de minha infância , tive a gloriosa sorte de ganhar de presente de minha madrinha, uma boneca Barbie.A única que tive em toda a minha vida.Claro foi motivo de alegria para o ano inteiro.Só que eu tinha um problema: Eu não tinha o Ken, o namorado da Barbie.E claro , meu pai com sua humilde situação financeira, nunca pôde comprá-lo, já que esses bonecos na época eram caríssimos.Praticamente a compra de um mês inteiro de alimentação para a família.Pois bem, tempo depois , numa dessas remessas de brinquedos usados e inutilizados pelas criancinhas ricas, dentre peões, panelas quebrada, peças de quebracabeças, etc, encontro o grande desejado brinquedo: o Ken , grande amor de Barbie!!Porém...adivinhem.Ele veio sem cabeça!Porcurei uma tarde inteira , a parte perdida do corpo do boneco "quase humano".Que decepção!!Não o encontrei nem em sonhos.Fiquei triste, claro.Afinal como poderia eu colocar minha Barbie para namorar um Ken sem cabeça?Mas meu pai, vendo a minha indignação, achou logo um meio para a solução do meu problema: o bom e velho Durepox.Uma espécie de massa que se usava para recuperar objetos quebrados.E lá vai meu pai se aventurar na arte da escultura, e logo faz uma cabeça para o meu Ken.E lá vem ele me entregar o glorioso "artefato".No começo eu estranhei aquela criatura esquisita cinza, com um nariz pontudo.Pra dizer a verdade parecia mais um monstro dos episódios "jaspion", que um Ken propriamente dito. Contudo, já levando em consideração o esforço que meu pai tivera para me fazer feliz, demonstrei grande alegria em ver que meu pai tinha "solucionado" o referido problema.E realmente, com o passar do tempo, acabei me acostumando com aquela criatura esquisita como namorado de minha Barbie.E este foi o único "Ken" que tive, que me serviu como diversão por longos anos de minha infância.Ah bons tempos aqueles, em que tudo era motivo de festa e alegria.O contrário de hoje, que a cabeça explode de "coisas pra fazer" logo na primeira hora da manhã.Posso dizer que tive sim uma maravilhosa infancia, com direito a um monte de brincadeiras inventadas ou não.E sim, por experiência própria, sei o quanto a gente aprende brincando.O quanto a brincadeira nos enche de desafios.Acho que professor ou educador , ou até qualquer adulto que não deixa criança brincar , e que não ver na brincadeira uma maneira lúdica de aprender, e melhor ainda : gostar de aprender", é por que tem "inveja".Sim, inveja sim, de não poderem brincar e gargalhar como uma criança.De se jogar na lama, berrar, correr... de esperar a vida passar brincando.Lembrei –me de uma criança a qual conheci num estágio de docência, que disse à professora quando perguntada por quê fazia tanta bagunça.Ela simplesmente disse: Eu faço bagunça por que eu sou pequena, por que se eu fosse grande eu trabalhava.Acho que a resposta desta criança pode ser um pensamento para nós adultos.Que tal deixarmos de ser grandes um pouco e brincarmos um pouco como crianças?