domingo, 6 de dezembro de 2009

Bartolomeu e Clementina





Bartolomeu conheceu Clementina
numa roda de samba.
Mas nem era o dia....
Clementina olhou nada viu.
Bartolomeu olhou e nada sentiu.
Foram embora.
Cada um pro seu lado.
Cada um com seu desagrado lhes roendo as mãos...

Clementina nem sonhava mas Bartolomeu a conquistava.
De longe com seu violão.
Clementian dançava ao som da musica que escutava
...sem saber que essa musica so existia no seu coração.

Coração despedaçado solitário
Fez Clementina lançar lagrimas ao chão.
Mas Bartolomeu do outro lado da cidade
Apontou seu violão
Assassinou as mentiras
os desejos errados
E embebedou Clementina de impar paixao.

- Ahhhh
Clementina suspirava.
Mas Bartolomeu nem ligava.
E com insensibilidade dizia sempre : Não.
Clementina enlouquecia
Por que Bartolomeu nao queria
o enlace de suas maos.

- Deixe estar , disse Clementina.
E numa noite escura de de intensa ternura.
Arrancou de Bartolomeu sem que ele percebesse
no momento do marasmo apos o orgasmo.
Sete fios de cabelo, e sete gotas de suor.
E Clementina com a macumba nas maos e amor no coração.
Pensou consigo : Isso ainda pode ficar melhor.

Na mesma noite se enfeitou de branco, e colares de conta
Foi pra estrada e pediu ao orixá que mais apronta,
Só um pouco do amor de Bartolomeu.
Clementina oferendou, dançou e gargalhou
E pediu com fé que aquele homen fosse seu.

Bartolomeu no dia seguinte acordou com saudade
Daquela que lhe amarrou o coração com certa maldade.
Sem saber de nada Bartolomeu chamou Clementina de minha
E lhe fez nascer da barriga sete guriazinhas pretinhas
esfomeadas, endiabradas e muito amadas
Nascidas de grande paixão.


Clementina almoça berinjelas com Batolomeu.
Cuida das pretinhas e faz poesias...
São felizes...

domingo, 1 de novembro de 2009


"Eu preciso dele perto de mim em todos os momentos - mais do que perto , dentro de mim..."

domingo, 18 de outubro de 2009

Aquela que é mais ansiosa ... por Starla Pisces



A minha amiga mais ansiosa é a mais certa pra se amar
Mas eles não sabem
Desconhecem a virtude de Amélia que ela cultiva
Tecendo bordando limpando cozinhando os pratos
Ela chora
Nós também
Mágicos de mulher que sabe quem quer
E que tem os meios pra transformar os carvões em diamantes
Não é exagero
Minha amiga de olhar ameixa e cheiro doce é a certa
A que eu escolheria se objeto fálico carregasse entre pernas sequiosas
Se fosse vago demente pretensioso ou inocente
Se fosse parvo distraído ou torpe decrescente

Ela vem
Eles vão também

Estamos num bar falando verdades grossas de arame farpado
Nós rimos e brindamos
Festejamos
Mas nossa ordem fechada aqui é transparente
Não é pretensão de gozo
Ou desejo noturno tesão
Nosso amor é o mais confiável
É o que temos
embora uma hora ou outra desfalecemos em braços masculinos que prometem ser eternos...

Pede mais uma

O mesmo tempo dura

O nosso amor é o mais certo, escreve isso de uma vez
Vamos fazer uma poesia comum como nossos desejos mais ternos são tratados
Vez ou outra por aí.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O que escandaliza é a sinceridade...


A única coisa que ainda escândaliza hoje em dia é a sinceridade. Destrói castelos de areia. É a realidade sem anestesia. Ela não estimula reticências, não teatraliza as relações humanas, não debocha da da credulidade alheia, não falsifica impressões. É tão soberana que emudece a todos, tão inesperada que impede retaliações. A sinceridade é o ponto final de qualquer discussão. As pessoas sábias são admiradas quando contam o que sabem, mas impressionam mesmo quando serenamente confessam: Não sei. Os melhores filmes, livros, peças... tratam da nossa ignorância, não da nossa genialidade. Através de que elo casais aparentemente incompatíveis mantêm-se unidos? Quem espia de fora adora especular sobre motivos maquiavélicos, mas eu apostaria no oposto da maquiavelice: Num mundo tão intoxicado por falsidades, a sinceridade é que tem servido de cupido. Errei. Traí.
Me iludi. Sou assim! À solta alguém que se assume, perdoa seus próprios tropeços, que não recorre ao photoshop na hora de expor o caráter. Escândalo é alguém te olhar nos olhos e admitir com tranqüilidade: Nunca li Guimarães Rosa, nunca soube entender. Não tenho confiança nas minhas decisões. Fiz um aborto. Pensei em suicídio. Sofro por amor. Me arrependo de ter filhos. Me arrependo de não ter tido filhos. Casei por dinheiro. Casei por medo da solidão. Não casei por que não me quiseram. Não perdoo meu pai. Estou sem paciência com os outros. Não tenho talento. Tive sorte. Nunca menti para me safar. Menti demais para não magoar. Nunca inventei um personagem. Inventei vários. Não sei direito quem eu sou. Não sei!

Anais Nin-Uma espiã na casa do amor (trechos)


"Nas múltiplas peregrinações de amor, ela era ágil em reconhecer os ecos dos desejos e amores maiores.Os grandes amores, especialmente se não tivessem tido morte natural, jamais morriam por completo e deixavam reverberações. Uma vez interrompidos , rompidos de maneira artificial , sufocados acidentalmente , eles continuavam a existir em fragmentos separados e infinitos ecos menores.
Uma vaga semelhança física, uma boca quase similar , uma voz levemente parecida , alguma partícula de caráter , emigrariam para um outro que ela reconhecia de imediato em uma multidão , em uma festa, pela ressonância erótica que despertava.


O desenho semelhante de uma boca era suficiente para retransmitir a corrente de sensações interrompidas , para recriar um contato por meio da receptividade passada, qual canal que conduz perfeitamente apenas parte do êxtase anterior através do canal dos sentidos , incitando vibrações e sensibilidades outrora despertadas por um amor total ou um total desejo por toda personalidade.
Tudo que tivesse sido arrancado do corpo , assim como da terra , extirpado violentamente , cortado, deixava debaixo da superfície raízes muito ilusórias, muito vivas , todas prontaspara medrar de novo sob uma associação artificial , por meio de um enxerto de sensações , dando nova vida a esse transplante de memória.

Vem


Quando ele me toca no escurecer de uma sala,
sinto as coisas mudarem de cor...colorirem.
Queria que ele fosse pele minha, sem precisar ser tocada.
Andar com ele colada aos musculos e ossos.
E sentir tudo naturalmente na transpiração
Na respiração
Na saliva

Ele fenece meu estar
Faz as coisas mudarem o sentido, lugar, significancia.
Ele purifica meu ar.
Ele se ausenta.Eu sofro.

Ah quando vem me ver?
Será que tenho que gritar sempre ,
pra ouvires o desespero do meu corpo langue.
Vem logo...
Me leva pra tua vida.
Me salva
Me faz sofrer.

Tu te introduziu nos meus infernos
E agora nao deixo te sair.
Não deixo não.
Vem , vem logo.

Tudo bem se é assim...





Tudo bem se é assim...
Foi uma enorme alegria receber aquele convite e tambem uma enorme decepção o "voltar atras".
Mas não fui tão inocente.No dia seguinte ponderei sobre tudo.Era felicidade demais pra ser creditada.Duvidei.E estava certa.Porem quis acreditar , isso sempre me faz bem...
Querido nunca te disse?Sou uma mulher do sentir "intenso"...
Tudo que sinto é forte, avassalador...terrivelmente intenso.
Paixões intensas, medos intensos , desejos intensos , tristezas intensas...
Tudo em mim é erupção vulcânica....nada é brisa.
Juro que não pensei em sentimentos romanticos quando me convidaste pra tal empreitada.Não sou tola e sei que nao desfrutas do mesmo sentimento meu.Não confundi com nenhum pedido de casamento.Apenas vi em voce uma pessoa com os mesmos interesses querendo dividir contas, bebedeiras, corpos , geladeiras.Porém , tudo em mim é erupção.E confesso que essa ideia chegou ate a me transformar numa dona de casa exemplar , dessas que vai buscar o chinelo do marido enquanto ele toma sua cerveja e assiste o futebol.
Ah querido cigano, desculpa se te sufoco...essa é outra das minhas erupções...Gostar de alguem pra mim é quase ganhar na loteria entende?É como sair de uma vida dura , apertada, sempre com contas a pagar e de repente ter um milhao nas mãos pra comprar o que quer e o que bem entender.
Lembra da auto-analogia que faço com os Buendía?Dos Cem Anos de Solidao?Do nao ter outra chance na face da terra?
É esse o desespero que sinto quando alguem faz meu dia ficar mais luminoso e cruelmente idilico.A esperança de cortar esse mal dos Buendia.De "ir á caçada na neve ao coelho marrom"... de segurar , abraçar , sufocar de carinho e dizer: - Ei , é de você que eu precisava todo esse tempo.Onde você estava ?Agora vem , penetra em mim e fica!

Nunca é tão fácil...Acostumei-me a isso.
Não,por favor, isso não é um choramingo, nem estou arrasada querendo pintar as unhas de vermelho e tomar outra garrafa de vinho..Apenas quero (tento) explicar o que se passa com esta lesma pegajosa que sou eu.
Está tudo bem...tudo entendido.Foi somente uma leve torpor de felicidade que se esvaiu (como todo torpor que se esvai).Já sabe que o que escrevo é erupção , nao vou ficar repetindo.Não precisa ficar preocupado.Estas são mais algumas linhas de redenção.Sao palavras de vida propria que nascem de mim e ja nao mais me pertencem.
E eu tambem não me despeço.Estou aqui com meu coração que já é tua morada com muitos meses de aluguel adiantado.Esperando que se mude com todos os móveis , panos , tralhas e discos de jazz.

Desditas

Querido

Não resisti em te escrever essas linhas....
Começo pedindo desculpas pelo meu jeito pegajoso (de lesma), e por ter te questionado na sexta.Nao foi por mal nao.Realmente me preocupei, por achar que eu seria o motivo do teu descontentamento.
Estava esperando uma noite feliz ao lado de um moço tão querido.E ao te ver distante , me desiquilibrei.

Querido...

Devo te falar... (talvez seria melhor falar tudo olhando nos olhos , mas ja nao sei quando de novo nos encontraremos).Já gosto muito de você sim...e como não é tolo já percebeu.Mas retifico seus pensamentos com essas palavras.Não direi estar apaixonada, por que esta palavra sempre me remete a egoismo , sentimentos de posse.
O que devo dizer é isto...ando sentindo muita saudade...e penso muito em você.E só eu sei a alegria que sinto quando estou ao seu lado.
Sim , fiquei muito afobada, por que você me limpou das marcas de um certo tolo percussionista quase idoso.Fiquei feliz so por isso.Há tempos estava na ansiedade de gostar de outro alguem , de me atrair por outro alguem, de ate sofrer por outro alguem.O que nao acontecia há pouco mais de tres anos.E quando o seu beijo me arrebatou , senti tudo florir.E por mais que um dia eu sofra por você , v aleu a pena ...por que sim não ha mais espaço pra este tolo que me reduziu ao "corpo de rolinha machucada".Entende?Você chegou e me fez feliz quando eu apenas esperava a morte passar . E sim ...isso me deixou aflita.Ansiosa.Inquieta.Quis você pra mim...
Talvez tenha esperado muito de você, o que talvez tenha te deixado insatisfeito com os tais questionamentos.
Mas te prometo : Não mais acontecerá.
A minha intenção era falar-te tudo isso na sexta...mas nao vi oportunidade.E como sinto sempre a necessidade premente de esvaziar os potinhos de sentimentos , escrevi.
E nao te escrevo com esperança de te impressionar, ou cobrar algo...escrevo apenas como forma de redenção, aplacar um pouco essa ansiedade.Me livrar...tirar esse peso das costas.
Aconteça o que acontecer, já me cativou.E impossível é não gostar de um moço tão lindo por dentro e por fora e com tanta pureza de sentimentos.Te adoro, haja o que houver...

Trechos de "O Germinal" de Émile Zóla



"Foi por essa época que Etienne começou a compreender as ideias que lhe fervilhavam na cabeça.Até então não passara de um revoltado instintivo absorvendo a surda fermentação dos companheiros.Uma gama variada de perguntas confusas não o deixava em paz:por que havia tanta miséria de um lado e tanta riqueza de outro?Por que estes tinham de viver escravizados àqueles sem a menor esperança de um dia mudarem de posição?A primeira etapa vencida foi a da compreensão de sua ignorancia.Uma vergonha secreta , um desgosto oculto começaram a atormentá-lo: nada sabia, não ousava falar sobre essas coisas que eram a sua paixão, a igualdade entre os homens , a justiçã que exigia que os bens da terra fossem repartidos entre todos.Por isso começou a estudar , sem métodos, como fazem aqueles que são ignorantes mas têm sede de saber."

"Desde que começara a instruir-se , a promiscuidade da aldeia mineira chocava-o.Então eram animais para viverem assim, amontoados, uns por cima dos outros, com tanto campo em volta, a ponto de não se poder trocar a camisa sem ter que mostrar o traseiro ao vizinho?E que bem fazia para a saude essa promiscuidade , com moças e rapazes apodrecendo juntos!
-Ora! - respondeu Maheu. - Se houvesse mais dinheiro viveriamos melhor...Mas de fato , só pode fazer mal viver amontoado desse jeito.Sempre termina com homens bebados e mulheres grávidas.


"Trabalhavam como bestas numa coisa que antes dó era feita pelos condenados às guilhotinas, morriam ali, muito antes de ter chegado a sua hora , e tudo isso para nem sequer terem carne no jantar.Ainda comiam, claro , mas tão pouco, apenas o suficiente para seguirem sofrendo , cheios de dívidas, perseguidos como se tivessem roubando o pão que não os deixava morrer de fome.Aos domingos sucubiam exaustos .Os unicos prazeres eram embriagar-se e fazer filhos na mulher.E ainda por cima a cerveja fazia crescer a barriga, e os filhos, mais tarde, renegavam os pais.Não , não , a vida não tinha graça alguma."

Pags 172,173,174

Uma aclamação rolou até ele , vindo dos confins da floresta .A lua agora, iluminava toda a clareira, recortava com arestas brilhantes o mar de cabeças por toda a confusa lonjura da marta de corte e por entre os enormes troncos cinzentos.E naquele ar glacial havia um ricto feroz nos rostos , olhos faiscantes , bocas abertas...Era todo um povo em delirio de possessão , homens mulheres e crianças famélicos, pronto para o assalto justo aos antigos bens de que estavam sendo esbulhados .Já nem sentiam mais frio , aquelas palavras religiosas , faziam -os pairas sobre a terra , era a febre da esperanças dos primeiros cristãos da Igreja esperando o reino proximo da justiça.

pag 291

A turba tinha visto Maigrat esgueirando-se pelo teto do galpão .Na sua ânsia , apesar do seu peso , ele subira agilmente pela latada, sem se preocupar com as ripas que quebravam; e agora espichavamse ao longo das telhas , esforçando-se para atingir a janela .MAs a inclinação era muito forte , sua barriga os estorvava , suas unhas estavam sendo arrancadas .Assim mesmo teriam se arrastado até a cumeeira, se não tivesse começado a tremer de medo de receber alguma pedrada, já que a multidão , que ele não conseguia ver , continuava a gritar lá embaixo:

- Pega o gato, pega o gato!Vamos fazê-lo em pedaços!
E bruscamente suas duas mãos se soltaram , ele rolou como uma bola , bateu na biqueira e caiu atravessado na parede-meia , tão desastradamente que foi espatifar-se na rua , onde abriu o crânio no ângulo de um marco.O cérebro esguchou.Estava morto. Sua mulher no alto, pálida e assustada por trás dos vidros continuava olhando.
Houve um momento de estupor .Etienne tinha parado e o machado escorregara de suas mãos .Maheu , Levaque , os outros todos esqueceram o armazém , os olhos voltados para a parede , de onde escorria lentamente um filete vermelho .Os gritos tinham cessado , abateu-se um silêncio pesado , na escuridão que aumentava.
Em seguida recomeçara os gritos .Eram as mulheres que se precipitavam , presas da embriaguez do sangue.
- A justiça tarda mais não falha ! Ah porco , morreste, enfim!
Rodearam o cadáver ainda quente e começaram a insultá-lo com gargalhadas de coisa imunda sua cabeça despedaçada , berrando na cara da morte o longo rancor de suas vidas sem pão.
- EU te devia sessenta francos , já está pago , ladrão!- gritou a mulher de Maheu , tão enfurecida quanto as outras .
- Nunca mais vais negar-te a me vender fiado...Espera!Espera!Vou engordar-te mais ainda...
Começou a cavar a terra com as duas mãos , tomou os dois punhados e os enfiou violentamente na boca do cadáver.
- Vai come ! Vamos come, come , tu , que nos comias!
As injúrias eram cada vez mais violentas , enquanto o morto , estendido de costas , olhava com seus grandes olhos vidrados o céu imenso de onde descia a noite .Aquela terra enfiada na sua boca , era o pão que ele tinha recusado.E de agora em diante , só comeria deste pão.Esfomear os pobres não lhe trouxe felicidade.
Mas as mulheres ainda queriam vingar-se.Rodeavam-no, farejando como lobas.Todas arquitetavam um ultraje que as desafogasse.
Ouviu-se a voz áspera da Queimada:
-Vamos castrá-lo como a um gato!
-Vamos!Ao gato ! Mãos a obra !Esse asqueroso já fez demais o que não devia!
Imediatamente a filha de Mouque começou a abrir-lhe a braguilha e a puxar-lhe as calças, enquanto a mulher de Levaque , levantava as pernas do morto .E a Queimada , com suas mãos secas de velha , abriu-lhe as coxas nuas e empunhou a virilidade morta.Segurou tudo e fez tal esforço para extirpar o membro que suas costas magras se distenderam e seus bra~ços enormes estalaram .Mas a pele mole resistia , ela teve de atracar-se novamente e acabou arrancando o despojo , um pedaço de carne cabeluda e sangrenta que agitou no ar com uma gargalhada de triunfo:
- Pronto , aqui está!
Vozes esganiçadas saudaram com imprecações o horrível troféu.
- Ah desgraçado! Não engravidarás mais as nossas filhas!
- Chega ! Não te pagaremos mais com a nossa carne! Nunca mais teremos de abrir as pernas para conseguir um pão !
- Olha eu te devo seis francos...Queres fazer uma brincadeira por conta? Eu estou pronta , se tu ainda podes!
Este gracejo sacudiu-as com uma gargalhada feroz.Passavam umas ás outras a carne pingando sangue, como a um animal tinhoso que cada uma tivera de suportar e que acabavam de esmagar , que agora tinham ali , inerte , á sua mercê.Cuspiam em cima , arreganhavam os dentes repetindo , numa furiosa explosão de desprezo:
- Ele não pode mais ! Ele não pode mais ! Já não é mais um homen que vai para a cova !Começa logo a apodrecer inútil.
A Queimada , então , espetou o naco de carne na ponta da sua vara e , levantando-o bem ao alto, como um estandarte , empreendeu a marcha, seguida pela debandada ululante das mulheres .O sangue gotejava sobre elas , o despojo horripilante pendia como um pedaço de carne no gancho de um açougue.E a chusma de mulheres saiu estrada afora com o animal tinhosos, o animal decepado na ponta da vara.

***************

"Um homen pode ser valente , uma multidão que morre de fome não tem força pra nada."

********************

(...)
Mas ele ficou onde estava e tomou-a pela cintura , numa carícia de tristeza e pena.Em camisola, apertados um ao outro, sentiram o calor de sua pele nua , á beira daquela cama tépida do sono da noite.O primeiro movimento dela fora afastar-se , depois pôs -se a chorar baixinho , agarrando-o pelo pescoço para mantê-lo contra si, num abraço desesperado.E ficaram assim , sem outro desejo , com o passado dos seus amores infelizes, que não tinham podido satisfazer .Estava então tudo acabado, não ousariam amar-se um dia , agora que eram livres?Um pouquinho de felicidade seria o bastante para dissipar sua vergonha , esse mal estar que os impedia de seguirem juntos , devido a uma infinidade de ideias , que nem eles mesmos sabiam o que era.
-Vai deitar-te - murmurou ela- Não quero acender a a luz para não acordar mamãe...Já está na hora, vai...
Mas ele não escutava, abraçava-a desesperadamente , o coração imerso em profunda tristeza .Uma necessidade de paz, um invencível desejo de ser feliz invadia-o.E via-se casado, numa casinha limpa , sem outra ambição do que a deviverem e morrerem asim , juntos.Só pão lhe bastaria; e mesmo que houvesse apenas para um, esse pedaço seria para ela .Para que mais? A vida valeria mais que isso ?

p.470

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Depois confessou, voltava pra mina.Sim , tinha jurado, mas nao era vida esperar de braços cruzados que as coisas , talvez dentro de cem anos , acontecessem ; além disso , razões suas tinham feito com que decidisse.
Suvarin escutara-o arrepiado.Agarrando-o por um braço, empurrou-o de volta `a aldeia.
-Volta já pra casa!
Catherine se aproximou , ele reconheceu-a também.Etienne protestou , declarou que ninguem tinha o direito de julgar seus atos.E os olhos do mecanico foram da moça ao companheiro , enquanto recuava um passo , com um gesto brusco de desistencia .Quando um homen tinha uma mulher no coração, estava liquidado , podia morrer.Talvez tenha visto , numa rápida visão , lá em Moscou , sua amante enforcada, o último laço carnal que cortara, que o tornara livre da vida dos outros e da sua .Disse simplesmente:
-Vai
p. 472
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terça-feira, 1 de setembro de 2009

A garrafa de vinho e a Moça de unhas vermelhas


Quando passou apenas com uma garrafa de vinho e as moedas contadas , sentiu um olhar de soslaio e desdem da mocinha do caixa do supermecado.
-O que foi?- pensou ela em direção a moça do caixa - nunca se sentiu terrivelmente só a ponto de querer embriagar-se uma tarde inteira?
Sentiu que a mocinha escutou seu pensamento vociferante e baixou os olhos em contrição.Sentiu-se orgulhosa.Afinal nunca conseguiria dizer isto de verdade a um estranho.
Seguiu a estrada de mãos dadas com a garrafa de vinho...como um casal apaixonado.Ela apaixonada pelos momentos parcos de alegria.O vinho apaixonado pela solidão da moça que ele devoraria pra si por pouco tempo.
A moça não queria mais esperanças...
Já esperava sempre pelo pior , quando saía de casa com as unhas pintadas de vermelho(o mesmo vermelho que jorrava do seu coração inquietante, passional, indecifrável), e o corpo cheirando a jasmin...querendo ter algo que lhe fizesse acreditar que tudo daria certo (desta vez ).
Mas nunca acreditou.
Aprendeu a fazer contagens regressivas de seus amores malogrados...
-Não dou mais que duas semanas pra que isso tudo acabe da maneira mais sangrenta possivel.-falava pra si mesma quando estava em companhia de qualquer rapaz (de bem ou não) , que lhe cruzava o caminho com flores e palavras doces.
Sempre acertava.
9,8,7,6,5 dias...assim contava...e quanto mais proximo chegava o dia do fim fatidico, mais indiferente ficava.
-Vai acabar...- sempre pensava ela...
E assim o era.
Aprendeu a não mais chorar.
Já havia chorado muito é verdade, mas sua idade de agora (já não era a mesma adolescente tola de antes que sofria com a esperança parca de que alguem voltaria com a mesma flor na mão), não lhe permitia mais lagrimas desnecessarias.
Curava sempre um amor com outro, uma ferida com outra, um beijo com outro.
E assim vivia sempre só...a espera de um amor que acabaria sempre logo.
E naquela tarde que saiu do supermercado de mãos dadas com a garrafa de vinho, percebeu que seria sempe assim.Já sabia demais da vida.E isso não é próprio das pessoas felizes.Pessoas felizes geralmente não sabem de nada.E por isso , de fato , são felizes.
Ficou indecisa!Entre saber um tanto da vida e estar pronta pra encarar armadilhas, e nao saber nada , sempre tola , feliz com qualquer agrado.
Fez amor com a garrafa de vinho.
Esperou a noite acabar.
Perfumou-se.
Deixou sangrar os sentimentos (pelas pernas).
Retocou as unhas (de vermelho).
Deitou-se na cama .(sozinha novamente, envolta em lençois encardidos)
Concluiu:
O melhor a se fazer era comprar outra garrafa de vinho ( a mais miserável) , encarar o olhar de desdém da moça do supermercado,(o mais humilhante) voltar pra casa sozinha, com seus pensamentos atormentados, esperando outro amor fugidio passar.(outro amor fugidio passar).
E nada mais havia de se querer....

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ainda sem titulo...


Sentiu frio quando alguem apagou a luz de seu coração.
- Não apague a luz, gritava com lagrimas ela.
Mas foi esbofeteada e reduzida ao corpo de rolinha machucada.
Nao conseguiu mais voar naquele dia...sofreu.
Nao ergueu a cabeça, sentiu dores.
Esperou a morte passar.

Mas quem passou nao foi a morte
Mas um cigano de sombrancelhas ausentes
Que cuidou de suas asas feridas
E a fez voar.
Vôou como nunca havia feito antes
Um vôo tão livre e leve
e idílico.
Sonhou uma noite inteira com nuvens de algodão.
E deitou a cabeça no peito de quem amou.

Sorriu
Correu
Brincou
Cantou


Agora o moço acendeu a luz que havia sido apagada.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Idílio

Já reconheço cheiros
tateamentos...
O que dizer quando alguem diz:
Nossa, mas você ta muito bonita hoje!
Tá visivel a diferença de um dia pro outro.

Eu quis evitar qualquer coisa que me levasse a nuvens de algodao
Mas o moço de sombrancelhas ausentes tem o corpo ardente
E odores indecifraveis...
Fui...me lancei...
E nem quero saber de opiniões
Porque o que houve ja me curou de marcas antigas.
E pronto...pra que mais ?
Tá aqui também ainda...
Os cheiros, os toques, as doces palavras

domingo, 16 de agosto de 2009

Um domingo sem flores


Durante uma viajem barulhenta
para um casulo de artes paranoicas,
a moça triste derramou lagrimas escutando Piaf.
Chegou cedo a um bar de alegrias e pensou no dia de ontem...
Quando um moço feliz de nariz vermelho e largas botas
lhe ofereceu um sorriso de alcatrão.
Ela riu sobriamente e abraçou o moço luminoso com cheiro de jasmin.
O moço de nariz vermelho, largas botas e sorriso de alcatrão,
amenizou o dia da moça triste com coreografias circenses suaves e palavras cotidianas.
Lhe ofereceu um cigarro...
Foi embora...
Deixou que a moça pensasse em sobretudos.
A moça encontrou quem deveria...
Chorou com textos sobrios...
Bebeu tiúba...
Caminhou..
Encontrou quem nao deveria...
Chorou pela terceira vez...
Deu adeus...
Atravessou a ruas...
Fumou oito cigarros...
Cochilou.
Acordou de repente.
Voltou para o lar...

Ao chegar encontrou o moço luminoso
de nariz vermelho,
largas botas,
cheiro de jasmin,
e sorriso de alcatrão
estirado no seu leito de ausência...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Ultimos Sentimentos Bravios

Gritei palavras bravias pra dois rapazes...

Ou talvez pra duas meninas...

Esses eram dois guardiões moradores de um coração malogrado...

Porem os gritos não os alcançaram...não fizeram efeito.
E eu tive que desistir, com saudade e lagrimas nos olhos...
deixar que os dois se cuidem
...se amem...se abracem
mesmo que isso transborde o coração de uma ira sangrenta...

enquanto eu aguardo a chegada de outros guardiões.

sábado, 13 de junho de 2009

Confissao inacabada

Espero nao ser mal interpretada
ou mal interpelada...
Mas não sou uma boa companhia...
Alias não tenho sido uma boa companhia nem pra mim mesma, que sempre esta a espera de uma boa companhia (qualquer)
As coisas estao muito escuras...
A unica coisa que tenho gostado de fazer é dormir...dormir horas a fio, pra nao deixar minha alma me esbofetear...

Poema para um analista desejado

Droga, você me cativou...
e o pior de tudo,
Deu as costas pras minhas desditas.
Me deixou com inumeras vontades indecifraveis
E agora se alia às concubinas estrangeiras.

Então tá querido
O que pensa que irei fazer?
Não foi você quem me disse que eu não vivia as coisas da pele
Talvez eu precise mesmo...
talvez não.
Agora eu só quero que o dia me dê bom dia!
Tomo um gole de vinho
(ou uma garrafa)
e esqueço tuas feições perfeitas
e teus olhos de azeviche...
E teu dedo médio aliançado.

Ah vai...que falta me farias?
Já aprendi, a vida é assim.
A solidão anda por perto à espreita sempre que existe qualquer parca chance.
E agora novamente ela retornou com ares de imponência e glamour dizendo: - Eu sabia!
Que importa?
Vai me dizer que a culpa é minha?
QUe não sei viver como deveria?
Que fantasio tudo?
Ah meu analista desejado...
Vá embora então e guarde este poema no bolso mais rasgado.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Hereditária- De Starla Pisces

Hereditária

A tragédia interna de sua família: Mulheres que ficavam loucas.
Quanto mais tempo passava, mais ansiosa ficava, pois sabia o que a aguardava no futuro.
Um futuro polido.
A certeza garantida em vez de um segredo inviolável.
Bastava uma menina nascer para sabedr o destino a que estava fadada.
Vestidos sem botões eram costurados.
Cabelos rentes cortados e livros de colorir comprados para a distração.
A infância seria preservada, e se um dia confiando no milagre resolvessem se casarm, pobres maridos de dotes certeiros.
Entretanto admirava as mulheres loucas da família com seus sorrisos parvos e suas limitações,
lembravam bonecas...
Ansiava ser doida para não chorar mais.
Não desejava para si o castigo da sanidade.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Salvação Idônea

A inquietação me devassa
Cá, as senhoras idosas gritam por iluminação divina.
Eu peço num vozerio alarmante
por um anti-repouso.
Um congratulamento luciférico.

Uma doença de pele
Um xis
Um vácuo
Um derrubamento da beleza

Destruo o que é sentido sutil e boníssimo.
VIva o feio
o alarmante
o medonho
Viva a devassidão da alma.
Viva a carne
as chacinas
Viva o que é nefasto e repugnante.
Viva a vontade, a flor da vontade..

Agora mesmo de córcoras ,com o sexo aberto
Rescendendo o odor nauseante do pecado,
Imploro por uma vaga essência
obliterada e sanguessuga.
Encarnar-se em meu ventre verminoso
Ávido de pestilências...

Desnorteio

Desnorteio

Aqui meus lapsos de memória
me agonizam a cada segundo diuturno
Não aspiro o repouso,
posto que Cristo não é meu rei!
Quero minha alma perfurada de cactos verdejantes, espinhos, estacas...
Sangro espuriamente!

Nunca me compreenderão, e não o quero!
Um passo em falso
Pusilânime!

Vagueio entre eles,
como um vaga-lume entre os clarões solares...

Bebês histéricos me gritam aos ouvidos.
Minha ordem corpórea fremirá...

Blasfemarei onomatopéicamente
e pedirei em orações esquizofrênicas por orgias sanguinárias.

Os poetas se atiram em abismos


Não desças com tua mão decepada
nos teus prórpios abismos
alegres e insuficientes
Donde crias
porcos cornudos e vaca ovíparas

Te falta pausas
sílabas e predicados
Tefaltam breves, colcheias...
Te falta alegria
A mesma alegria que teu abismo te oferta,
e que por isso te submete a morte adocicada.
Tuas estrelas te perfuram ;
Teus mares te afogam;
Tuas noites te devoram;
E tuas mentirinhas te adoram.

Sente-se entao...
Tome alguns barbitúricos com jujubas coloridas.
Brinque de gangorra com teu desespero,
e aponte teu dedo médio para o ar poluído.

Sombra


O que sera que ousam pensar de mim, os doidos amantes;
os mestres isolados,
as meninas probas,
os bichinhos de pelúcia?
Euforia e lascívia me latejam o peito...

Valho-me de cançoes e be-á-bás.
Trago os chinelinhos de dedo nos dentes,
e não sei pra que serve roupas ítimas.
Retrógrada e inconstante, não creio em verdades.
Um amontoado de cacos e pestilências.
Mas sobretudo, a felicidade me habita, me pulsa...
Danço estericamente, faço cena.

Que nunca me tragam análises!
Preciso de mistérios, de auto-mistérios...
E sem cor, sem panos, sem prefumes,
me abandonem na morte feliz...
nos quatro cômodos do ataúde.

Vácuo




Enumerando frases feitas
Rabiscando versos tortos
Tragando cigarros franceses
Absorvendo anedotas, ambivalências, amarguras...

Visito todo saturado dia
Esse meu patamar místico...
COm tantos dissimulados sofismas
Adormeci uma das pernas,
e 1/12 do coração vacante...

Ele se entorpecia todas as musicais noites
E amanhecia sempre com o sexo exorcizado
e como um certo sorrisinho de satisfação libidinosa...
Impregnando o ar e a boca com cheiro de jasmin.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Vá embora querido!!




Não querido
Não venha me dizer que estou gorda, que engordei, ou que já fui mais magra...Não, de maneira nenhuma sei comer alface no almoço...eu como porcos, dos mais imundos!!
Não querido não venha me reclamar sobre o possivel esticamento da minha pele...das linhas, ou rugas, ou buracos...
O que importa?
Minha pele sensível a qualquer toque ou porrada grita agora impropérios e sangramentos.
Não querido, não me diga que sou tua.
Não nasci de casca, nasci de fenda...a mesma fenda que insiste em enterrar teu simbolo viril e soltar um gritinho sem jeito depois que tudo acabar...
Não penses que sou a esposa perfeita, dessas fiéis e traídas (ao mesmo tempo) que espera calada a tua volta envolta numa névoa de lençois finos, vestida na cor que você gosta.
Não querido , não me venha colocar leite nos peitos, e gente no ventre.
Não sou dessas que embala bebês nos braços, enquanto você se diz homem de encantos.
Não querido , não me venha dizer que devo mostrar as pernas , o cólo, ou qualquer coisa indecifrável do corpo.Não me venha dizer que meu prazer de ser é ser de alguem.Que nao vivo feliz sem a tua companhia, que sofreria sem a tua metafisica.Não me venha dizer que vou ficar pra titia,ou pra vovó ou pra mamãe ou pra qualquer parente desimportante por que nao sei ser propriedade de homem.Nao me venha dizer que devo ser linda o tempo todo, fragrante o tempo todo, educada o tempo todo e que devo sofrer em cima de um salto alto altissimo. Que devo saber cozinhar mais que um ovo, que devo saber me portar na mesa e na cama (ponderada o tempo todo).Nao me diga Te amo nunca.Sei bem que teu amor nao vem de lugar diferente que de tuas coxas machistas, e que escorre rapidinho.
Não querido!!!Não querido!!!Não querido!!!!
Não me chame de vadia só por que meu coração está em pulos sórdidos por outro alguém que nem sei quem...Você faz pior!!!Eu amo de verdade , você mente, devora, goza...e depois fecha o zíper.
Não venha me dizer que devo te esperar no cais de uma amor terrorista...vai embora querido...vá, e leve tuas cuecas samba-canções e discos de samba.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

4


Vem dessas noites de perdição,
ou comunhão amiga.
Eleva os olhos, balança a cabeça.
Senta, olha o espelho
Imagina sempre os beijos ausentes.

Interpela sempre o horario escuro, invariável...
De que será que tem medo?
Do trem ou so homem dissoluto parado em frente?
Será que ela surfa?
Será que ela mastiga?
Indefinições?

Se lembra da queda de seu muro,
que a bifurcava em dois pólos magnéticos:
um de repulsão outro de agonia.

Um beijo molhado, divertido
Que numa dessas noites obscenas,
Um palhaço escafandrista do Rio Letes,
lhe ofereceu com olhos amenos e pernas cruzadas.
Seduziu sua alma
Digeriu seu corpo
e ruminou...

Trovas Púrpuras Coincidências


O que tentei expor
não foi loucura,nem improbidade.
Foi amor...
O único que arrebentou minhas tênues veias.
E me transpassou os músculos azuis.

Ingênuo e dissoluto.
O mesmo de nunca e agora e sempre-
O que tentei pôr nos pratos não foi auroras..
Nem pães doces...
Foi amor solene e somente.

E ademais
Finjiu ser notório
Encenou alguns gemidos
Cheirou meus cabelos
Ofereceu-me agasalho, saliva e cerveja...
Me lançou um último olhar,
E se aliou às concubinas estrangeiras.

Eu ainda,
embebida nesse mesmice que não é suave
E inibe cousas outras
Eu espero...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Revirete Episcopal

Ao nitrato do teu corpo
Reverberações míticas
Volúpias internas
Bárbaries semíticas

Inquietação do meu corpo
e espíriro uno.
Soberbo animalismo
Vá e promulgue
minha cólera epitelial e climatérica.

Clima, colo, clitóris?
Aperte contra a reviravolta.
Endoideça!
Amargure o coração de formiguinhas operárias.
Formule fórmulas fétidas de física...
Reverbere, reaguce, reconsidere...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

11° dia


Fraco de aventuras!Páre de criar abismos obtusos e fétidas histórias no teu colo mestiço e sem cor.Não semeies mais a única gota de teus mares.
Imploro: Não decepes minhas entranhas, e ofereça teu bom beijo às virgens caladas.E não a mim, que não tenho discórdia enterrada no peito.Arme as armadilhas do teu corpo meio mulato e tão cheio de pêlos inertes, que tanto deixam essas gurias de nádegas endurecidas e fátuas, endoidecidas de tesão ardente.Por quê te amo tanto?Não rapaz, não me questione.Esse é o mais lânguido mistério.Sou uma cápsula de alienação!Nada em mim é desvendado.O que há é somente conjecturas.Não te intimides ao me ver a esmo caminhando pela tua célebre avenida.Preciso do mesmo oxigenio que tu respiras deficitado para alegrar meu coraçãozinho bobo e pueril que tanto usas como um lencinho de papel para assoares teu nariz catarrento.
Não.Não me encolherei mais nos teus braços.E no decorrer de um 11° dia, talvez te encontre propositalmente, e tão cosmeticamente bonita e fragrante.
Seduzir-te-ei com saias e tranças longas.E tu virás louco e faminto de carne andrógena e borbulhante, pra me conhecer outra vez...num lugar imundo em que gemerás uma ceresta e te viciarás nas minhas vísceras pudicas.E regozijarás no meu árduo e sufocante amor imundo...E eu fraca e insone, voltarei novamente solitária ao meu leito quente, de sorriso aberto, após teu beijo tempestuoso...e então esperarei por mais um 11° dia.

Estúpido dia feliz

Eu confesso:
Todo meu vapor ungido
que saiu das sendas do corpo
gélido em brotoejas.
Todo o amor fresco e jorrado,
de meu peito trêmule e indiscreto,
que um dia quis viver e não pôde.

Toda singeleza de tempos antes
em que guardado tornava-se fértil
e difusa em insignificâncias
tentei ao máximo ser verdadeira...
(...?)
Estúpido, o dia este.
Tu beijas as bocas mais sujas
e se esconde.

O meu- teu elo?
Como, se corres feliz enquanto durmo?
O teu beijo inteiro?
Como se minha fração é periódica?
Pare de me oferecer o teu casaco!
O frio que sinto não é de corpo.

Então, num dia feliz,
Espero não pôr meus pés cansados
num ônibus maltrapilho;
Espero só te conceder
uma caneta barata,
para que escrevas na minha tez pálida,
um disse-não disse.

E nesse mesmo estúpido dia
Oh!Estúpido dia feliz,
Dirias: - Te amo, mas não me incomodo!
O amor que te tenho, não me causa dor
ou coisa alguma.
O amor que te tenho
não transborda, nem treme.
É silencioso.
Eu não me importo!
Poderia ficar miríades e miríades de anos,
que não me movo!

E eu com os ossos fracos responder-te-ia:
- Saúde
Um brinde a teu amor quieto!!!

De canabis

Tinha me esquecido
Como é difícil manter a calma
e o equilíbrio
em cima de um avestruz lépido.

Tinha me esquecido,
Do dia que fui feliz.
Do dia que adoeci.
Do dia que vibrei à fome.

Tinha me esquecido,
Como se apaixonar
e como ferver o leite de manhãzinha.

Me esqueci das perguntas dúbias...
e de todo o resto.

Ao maldito Poeta

Quando encostar
tua maldita cabeça vazia,
Neste travesseiro babado,
Cheirando a vômito,
Lembre-te de mim
Ó Belo Pedreiro!

Tu comungaste de meu sangue cardíaco
Riste da minha libido vulgar
Apraziste de minha insolência madrigal

Tens o esplendor
de um príncipe cadavérico.
O andar insidioso
de quem procura vaginas alegres.
O sorriso amarelo de canabbis e tiúba.

Imundo!
Pões concubinas no teu santo colo
Investe em modinhas fantasmagóricas
Canta indolentemente na janela da tua alcova
Cerestas ambivalentes e anestésicas.

Me fura o peito!
Me esvazia, oh ardiloso arquiteto!
O que eu mais desejava,
nunca foi teu langue corpo.
Era teu sangue febril
Era tua testa sintetizada
Era teu espírito!
Teu leve e suave espírito.

E tu,desentendido homem
Vens me oferecer teu paradoxo nu frontal?
Tua carne esverdeada?
Teu umbigo homofônico?
Ignóbil!
És maldito,
Enfermo,
Incrédulo.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Versos Rasgados

Rasguei os versos
Contidos e incontidos
Preditados e prevaricados
Pra vê se me acalmava

Meus versos me entretinha
Me salvava
Rasguei os versos
Pra vê se me divertia

Um pedaço de hóstia na boca de um leão
Sofri horrores
Rasguei os versos
e depois o corpo.

Pérola Calma

Pelo vislumbre das sombras indecisas
Pelo vociferar de recém nascidos
Pelas dialéticas de leões famintos
Aprendi a me acoitar

Mulher não seria
A uma infanto interna estou condenada
Emergi das cinzas
Desuni os pontos.

Nos adoráveis Andes
Sentindo um frio glacial
Gozei de um pique-nique metafísico
Alegrei as casas soturnas e te convidei pra dançar.

As músicas eram estranhas
meio que indigestas;
ou náuseabundas!
Mas ainda assim...
dançaste graciosamente
com passos sincronizados
Voavas como uma gaivota virgem
Cuspias um liquido dourado e entorpecente,
Que eu bebia, morbidamente
e deliciosamente...
me punha bêbada.

E a tal pérola calma
Se desiquilibrou
E agora chóra de desespero
Ela se perdeu nas próprias angústias
Se perdeu no tempo
Se esquece de sua idade.

A tal pérola calma
Se desmitificou
Se tornou densa e oculta.
O tempo todo ocupada com conjecturas.

O Sacrílego

Elegante
Me trouxe à vida,
Há muito perdida nos botecos solitários
Há muito envolvida com perdições mundanas.
Há muito procurando sem sucesso
o que tu me deste tão despreocupadamente.

O teu gemido me era música
Tua boca semi-aberta ecoava o ares da volúpia.
Ecoava o teu mistério!
E tu, me ludibriavas todo o tempo!

Tu fazias quimar em doce quentura
Fazias teimar em doce loucura.
Em ti via surgir , o que de mim se espanta.
E sem crer no que fazer, me ordenava o sacripanta:
-Me devore por inteiro, puta ou santa.

Á beira abissal

Uma bela cabeleira prateada
Pouco delirante;
Tal como o penacho de uma cacatua
Olhos vivos e miúdos que revelam mansidão
De fronte saudos e convidativa
Me alucinou o ventre
Me alegrou os rins!

Tinha gemido como uma cousa impura
Tinha a boca escancarada
E alegre, e molhada e devassa;
Una e santa boca
Me engolia e me inchava.
Ecoava o mesmo som das trombetas celestes apocalípticas
que me arrancava das garras satânicas.

Em breves instantes
Uma vastidão de volúpias tátaras
Ou divinas
Dessas que se tem medo de sentir
Uma comoção descomunal.
Uma vivaz plantação de petúnias.

Idólatra àquele corpo sutil
Àqueles gemidos lugubres
Àquela boca descancarada
Tudo se ordenava e se tinha sentido.

Com o espírito arrebatado por um alívio extraordinário,
presa de alegres e obstinadas suputações,
Sentia a dança de petúnias em meu ventre!
Com que proveito e crescentes delícias
destrinchava meus infernos!
Cativavas meu coração sem ofenderes meu espírito!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Enlace Trevesco

Ignoto!
Parecia-me tripudiar no Lago dos Cisnes
Parecia-me carneficina em templos cristãos.
Via crostas e cristos se enlaçarem nas amendoeiras

Sonhei que me deparava
com tua testa cravada com uma estaca.
E te rias como criança satisfeita.

Sonhei com teu miserável corpo langue
Se esvaindo em sangue
Sonhei contigo descendo pelo ralo
E rindo...

E ria um riso bondoso
Um riso gosmento
Salivava mais que um bode
Ou uma vaca
Morbidamente...

E a tua pupila inchava
E exorbitava
Brilhava, lacrimejava
Parecia-me um retardado
Que morria bobo alegre

Tua camiseta era verde
Tua calça bege era verde
Teu chapéu, teus óculos
Teu sexo era verde

Missiva para Roberto


Misturei tudo aquilo
Aquelas coisas que tanto diz loquaz
Barbas ruivas...tens mestria em meus pensados.
Pra quê tudo se tenho teus pronomes?

Amo o trem das três que me leva ao teu berço;
Amo aqueles ditos e polidos,
E verdades que conduzem e coeficiam
Minhas pernas e asas curtas.

Ilustre!
Varre o portal.
Prediz em vasta elegância e seduz
Com as escritas cristianas.
Acende um cigarro
e me pergunta sobre a plivalência cósmica.

Entristeci!
Não guardei as festas de guarda.

Acordei assim

Acordei assim
Com um sentimento invejável de bem viver...
Odiada ou não, olho o espelho e vislumbro um arco-íris
Mais ou menos amigos?Pouco importa...
Tenho estado louca ultimamente...e apaixonada por mim mesma...
Critico-me
Elogio-me
Abasteço-me
Deixo nas mesas de bar as angústias...
E nos domingos tomo inúmeros banhos de sol.
Escurece um lado de mim?Quão bom é não ser tão clara.
Tenho vivido bem afinal.