sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Violência Inenarrável


Os calmantes são heróis verdadeiros quando tudo o que se quer é adormecer para todo o sempre.
Dormir...entrar em estado de inconsciência por algumas horas.Por algumas horas esquecer que as mãos dele não estão aqui ...e meu peito não recebe seu rosto.
A idéia passageira do suicídio.Abismar-se.Aniquilar-se.
Não há mais lugar pra mim.Está tudo errado.Uma hemorragia que não escorre em nenhum ponto do corpo.
Penso na morte ao lado, e a idéia de não mais sofrer me emociona, me acalma.E por um momento flerto com a caixa de comprimidos.Flerto com o estilete amolado.Flerto com o veneno atroz.
Mas os calmantes fazem efeito preciso antes de qualquer coisa.E me amoleço em cima de uma cama.Fujo por horas da ausência dolorosa daqueles braços...
Braços.
Braços que não me envolvem num abraço...que não me unem ao mesmo corpo.
Encontro tantos milhões de corpos , por que amo apenas um ?E por que justamente ele que se foi , é esse um ?Por que não outro ?
A dor também é física.Um aperto no ventre, seguido de um tremular no coração.Uma nodulação na garganta.O peito dói , a cabeça dói, as pernas enfraquecem.Deseja-se dormir pra sempre.Nunca mais acordar...
Minhas dores, meus desejos são violências inenarráveis...

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