terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O veneno mais forte zomba de mim...

Você não quis ver meus olhos inchados.Você não quis ver meu corpo esguio de sofrimento.Você não quis ver minhas olheiras de sono ausente.
Eu te perdoo.E te perdoaria tantas vezes pra economizar teu sofrimento.Morreria tantas vezes pra economizar tua morte.
Então queres a minha tranquilidade?Então desejas a minha calmaria ?
Passei o tempo inteiro tentando respeitar teu espaço, como povoá-lo então após tua partida?
Em qual esquina encontrarei calmaria?
Em que degrau da escadaria estará minha tranquilidade?
Por acaso em alguma distracção sexual?Um embotamento alcoólico?Um corte profundo na veia aorta?
Humilho-me ao invés de aguardar.
Cometi impulsos , impurezas e fantasias de homicidas.Quem não as teve?
Tentaria ser discreta com minha dor , mas não tenho a menor coragem de discordar da minha natureza.A minha natureza me açoita.A minha natureza me afoga (com lágrimas).Devolveria fácil meu corpo a ela, para reanimá-la sobre outra forma .Mas parece que ela não aceita devolução, se o defeito for advindo de mal uso.Não devolve o dinheiro.
Não me curo o suficiente.Tua partida , mesmo quando antiga, será sempre recente.
O teu cheiro ainda está no meu colo, e tento tirar fazendo lavagens ácidas internas.Raspo com pedra-pomes os teus resquícios no meu ventre.Não sai.
Nada me obedece.
Não tenho autoridade com tuas marcas.
Não tenho voz ativa com tuas marcas.
Zombam de mim.
Tuas marcas zombam de mim.
Teu cheiro zomba de mim.
Teu sorriso zomba de mim.
O veneno mais forte zomba de mim...

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