O porteiro do seu prédio olhou-me
com aquela reprovação no ar novamente.
Ele não compreende,
pobre homem,
que eu preciso me marcar,
preciso andar trôpega,
carregando na mão as meias-calças...
preciso sair daqui assim,
de roupas mal colocadas,
bochechas vermelhas,
mãos machucadas...
Ele não sabe
que cabelo oleoso denuncia mais
que cabelo molhado,
que minha calcinha eu deixei
em cima da tua mesa,
ele não sabe
que eu vou chegar em casa com fome
e vou ligar para outro ex...
Um alguém qualquer que vai me dar
"de graça"
champagne, televisão e chocolate...
Tudo em troca de alguma estúpida cena
que faria de qualquer Lolita imbecil
uma covarde.
Faça uma pose.
Sou uma mulher em disfarce.
Há meses encaro a sua feição
com desprezo
e um pouco de alarde.
E não sei se me ofereço,
se demoro o passo
para que
dê tempo dele ver,
nas minhas costas,
a tua tatuagem que escorre...
Ah, a vida
sem isso
seria pior que um porre.
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