Meus sonhos têm a palidez secreta
de uma pequena morte,
um transe induzido,
um coma inventado.
Avanço sobre pratos de comida como quem
estivesse diante de um prazer indizível,
inenarrável,
mas incontrolavelmente oferecido.
Sou uma mulher diferente quando
olho-me no espelho.
Estou contando vantagem sobre meus
desesperos,
contando os homens de terno, farda,
fraldas e bermudas
que atravessam livres
o beiral de minha porta.
E divido
centavo por centavo do dinheiro dessa aposta
que perdi;
as baratas me cobram. Devo tudo à elas.
Estou na sarjeta por ter sonhado com alturas.
Cobras voadoras
que espancam todas as chances
de um dia eu me tornar bem-vinda.
Lucianne Menolli
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