Luísa com as unhas roídas
Até o sabugo
Pergunto o que lhe aflige
Ela diz que o seu sorriso de ontem agora passeia em boca alheia
Luísa que gosta de sentir fome para ter ausência
E frio pra ter arrepio que não derive de paixões
Estar eriçada pra ela é sinônimo de estar viva no sentido punitivo da existência
Porque acha seus dias plúmbeos atarracados austeros
Como o nó da gravata que persegue os executivos
Enforcamento prévio de futuras possíveis sujeiras
Luísa que lava as mãos e roça o par de tênis no chão para livrá-los das impurezas
Ódio que tem da poeira do desacerto da ruga
Ódio que tem de si mesma por prever o tempo ruim e não se prevenir dele
Eu sabia, eu te disse , tudo andando certo demais...aquela sensação de bucolismo nas entranhas, presságio de hérnia
Presságio de furacão, navio tragado pelas ondas
Netuno já gargalhando de tudo
E eu alheia, meu sorriso agora alheio de mim
Particípio meu humor subjuntivo
(Pobre Luísa)
Querida não pode ser tão ruim assim...
Ela me diz sintética que posar de conformada contemplativa é minha cara.
Me calo
Ela encosta a cabeça no meu ombro e ficamos olhando as luzes que iluminam as ruas e delineiam as trevas, confirmando a oposição que há em tudo
O fado de nós mesmas pra sempre incerto
Concreto e perturbador
E a insanidade de pensar nela indo sem que eu diga tudo o que vale ...ou tudo o que sinto...
Tranco-me
Concentro-me nela ofegante, respiro junto
Estamos juntas por hora, sinta-me aqui, tudo mais não interessa.
Nossa redoma de vidro e o beco...
Pela frente o beco e ao nosso redor só flores do mal?
Um comentário:
Amei o escrito! Mto bom!
Quando quiser, visite meu blog tb!
Bjs
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