sábado, 24 de julho de 2010

Uma certa Buendía- Um dos mais belos presentes de uma de minhas mais belas amigas...

uma certa Buendía...
Buendía é o sobrenome de um livro que eu não li. Mas certamente também é o nome escolhido de uma das pessoas que mais me inspira na vida. Buendía para ela é como o Miller de minha Fiona, é o recado de Anaïs em nossos ouvidos, é a representação, a invocação nominativa de toda a loucura, o risco, a dor quase escolhida, porque afinal, não sei se temos mesmo a escolha de não sofrer tanto assim. Somos Nin Buendía Miller. Sobrenome complexo, naturezas idem. Somos decepcionadas de nascença, porque o mundo não pode ter árvores lilás de frutas prateadas e céu vermelho escarlate. O mundo não pode ter homens que sabem o que querem. O mundo não pode ser como queria uma Buendía. Senão poderíamos tatuar poemas em nossas peles que sumissem no dia seguinte. Apenas alguns ficariam. O mundo não poderia ser como quer uma Miller, porque senão nos bebedouros ia ter cachaça de gengibre, e a Lapa seria a sede do governo anárquico poético. Não, o mundo precisa ter o lado raspado da coisa, a realidade precisa ser essa borda queimada do bolo: era pra ser delicioso, não tivesse passado do ponto. Porque o real sempre parece que passou do ponto, não no sentido bom de todo excesso, mas no sentido de que em algum momento, parece que algo esqueceu de nós por aqui, e deu liberdade demais a coisas que não têm importância alguma. Mas é somente diante dessa mesma realidade que a nossa poesia vai sentir vontade de trafegar. Porque se o mundo fosse como a gente quisesse, as ruas iam ser inabitáveis de tanta música e pessoas nuas, e nunca íamos sentar pra escrever. E é por isso que agora eu estou aqui, porque os fatos ditos reais me obrigam a ficar inchada de saudade enquanto há um universo poético trafegando pulsante em nós. Meu amor tão longe, minhas amigas tão longe, mas há a faculdade, o tédio, as contas, as caixas de mudança, os exames de sangue, os testes de gravidez e o tratamento de dentes. Mas não, uma Buendía Miller não quer ficar aqui presa. E por isso é que sua explosão me encanta, menina intensa... então, "tudo bem se é assim", assim será. E quem me dera ter tido algum dia a coragem que tens de se declarar dessa forma, tão crua. Eu sempre fui a menina dos medos também... E guardava minhas palavras como se elas fossem tesouros, mas por mais que as amemos, palavras só são tesouros se nós as entregamos. Escrevi mais de 500 poemas para uma paixão da adolescência que nunca nem sequer soube que eu gostava dele. Ou se soube, deve ter achado que era apenas amor que não sobe a serra. Mas eu gostei dele por mais de 5 anos, e sempre escrevendo poemas que apenas as minhas gavetas leram. E hoje amo uma pessoa que tenho um puta medo de olhar pra aquela pela macia, de cheiro de macho híbrido, com pintas de sol lindas nas costas e simplesmente dizer que amo. Ah, me ensina, Buendía, a não ter mais medo das minhas palavras! Minha alma tão intensa quanto a sua está precisando sair, para dançar uma valsa de carnaval, debaixo do sol, correndo solta por entre as brisas...

TE AMO, amiga. E por favor, mesmo sendo inevitável sofrer, não sofra. Sofrendo. Rs.

Texto de Lucinne Menolli,uma querida amiga e consultora sentimental
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Um comentário:

Paulo Tamburro disse...

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