sábado, 1 de dezembro de 2012

Reverberações do amor que se foi, mas ainda está aqui.

Ele se separou de mim. Mas eu não separei dele. O desagradável (ou agradável, já não sei mais distinguir) é que nunca estivemos separados...sempre esteve dentro de mim, sempre viveu dentro de mim...Posso falar de mim não dele...Não sei dele...Não sei o que o coração dele agora fala de verdade...Não sei se está sendo apenas gentil com as palavras de calmaria :" - A gente vai se amar pra sempre, mas não posso ser um namorado agora. Espero que se cuide e não suma."...Ele estava lá em todos os momentos que achava não estar. Estava nas minhas múltiplas peregrinações de amor vívido.Estava em todos os beijos que ensaiei nas mais diversas bocas , em todos os sexos que tentei gostar...Em todos os pensamentos que admiti erroneamente estar tomados por outra qualquer pessoa...Ele estava lá sem que eu me desse conta...estava em toda pele lustrosa de desejo que em algum momento invadiu a minha. Construí minha morada naquele corpo moreno e transpirante com cheiro de macho dominante, e agora estou sem teto.Sem chão.Sem corpo vivo que não tem vida suficiente para sorrir. Os dias iluminados de sol ou apenas de amor já se foram. Sim ele ainda estará perto, mas não tão perto como dentro de mim nas manhãs de sono pesado. Não tão perto que seus braços possam me envolver e me acariciar enquanto vemos um filme indigesto. Não tão perto que não possa sarrar-se em mim enquanto estou tentando ser uma boa cozinheira e note com humor meu desastre culinário. Não tão perto que possa me roubar um cigarro...não tão perto que eu possa roubar um cigarro...Não tão perto que possa brincar de pique esconde com sua filha de 6 anos e com a criança maior de todas que sou eu.Não tão perto que possa emprestar sua toalha , e ao secar-me com ela percebo que tem seus cachos por todo meu corpo. Ele não deitará com todo o peso de seu corpo em cima de mim... Não me tocará o seio enquanto dorme, e eu não dormirei mais em sua boca. Não fará mais meu café, não me pedirá para comprar o pão. Identifico sua falta a todo o instante. O corpo não tem mais o mesmo cheiro. É uma pena. Não dá pra fugir e mudar de assunto, e mesmo quando consigo ele tá lá na cena do filme que construo em minha cabeça como um personagem que passa no fundo da tela. Meu coração é ainda um cativeiro. Tenho toda a liberdade do mundo para sair, mas me sinto presa. E mesmo ausentes os porta-retratos com nossas fotos pela casa, a foto talhada no coração é cruel e faz lembrar a todo tempo. Queria era ficar perto daquelas fraquezas e defeitos , do cheiro do seu corpo depois do coito, da fumaça do seu cigarro, da história que conta no seu beijo. A escolha foi dele. Não sei nem mais se minhas palavras o afetam em alguma instância, então poupo meus esforços... Por fim só digo que a sexta feira era bem mais feliz quando era a véspera do dia de vê-lo e o domingo mais triste quando eu ia embora.

Um comentário:

GuiBorges disse...

Infelizmente em muito momentos me identifico com o seu texto.
Desejo para você o mesmo que me desejou, melhoras!
Apesar de nos conhecermos pouco, gosto muito da sua pessoa, porque ela sempre me falava bastante de você.
Pena que você não foi na festa sábado, gostaria de ter sua cia.
Se precisar de um ombro, encher a cara ou qualquer coisa estou à disposição.
Se cuida e principalmente viva!
Beijão