domingo, 18 de outubro de 2009

Aquela que é mais ansiosa ... por Starla Pisces



A minha amiga mais ansiosa é a mais certa pra se amar
Mas eles não sabem
Desconhecem a virtude de Amélia que ela cultiva
Tecendo bordando limpando cozinhando os pratos
Ela chora
Nós também
Mágicos de mulher que sabe quem quer
E que tem os meios pra transformar os carvões em diamantes
Não é exagero
Minha amiga de olhar ameixa e cheiro doce é a certa
A que eu escolheria se objeto fálico carregasse entre pernas sequiosas
Se fosse vago demente pretensioso ou inocente
Se fosse parvo distraído ou torpe decrescente

Ela vem
Eles vão também

Estamos num bar falando verdades grossas de arame farpado
Nós rimos e brindamos
Festejamos
Mas nossa ordem fechada aqui é transparente
Não é pretensão de gozo
Ou desejo noturno tesão
Nosso amor é o mais confiável
É o que temos
embora uma hora ou outra desfalecemos em braços masculinos que prometem ser eternos...

Pede mais uma

O mesmo tempo dura

O nosso amor é o mais certo, escreve isso de uma vez
Vamos fazer uma poesia comum como nossos desejos mais ternos são tratados
Vez ou outra por aí.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O que escandaliza é a sinceridade...


A única coisa que ainda escândaliza hoje em dia é a sinceridade. Destrói castelos de areia. É a realidade sem anestesia. Ela não estimula reticências, não teatraliza as relações humanas, não debocha da da credulidade alheia, não falsifica impressões. É tão soberana que emudece a todos, tão inesperada que impede retaliações. A sinceridade é o ponto final de qualquer discussão. As pessoas sábias são admiradas quando contam o que sabem, mas impressionam mesmo quando serenamente confessam: Não sei. Os melhores filmes, livros, peças... tratam da nossa ignorância, não da nossa genialidade. Através de que elo casais aparentemente incompatíveis mantêm-se unidos? Quem espia de fora adora especular sobre motivos maquiavélicos, mas eu apostaria no oposto da maquiavelice: Num mundo tão intoxicado por falsidades, a sinceridade é que tem servido de cupido. Errei. Traí.
Me iludi. Sou assim! À solta alguém que se assume, perdoa seus próprios tropeços, que não recorre ao photoshop na hora de expor o caráter. Escândalo é alguém te olhar nos olhos e admitir com tranqüilidade: Nunca li Guimarães Rosa, nunca soube entender. Não tenho confiança nas minhas decisões. Fiz um aborto. Pensei em suicídio. Sofro por amor. Me arrependo de ter filhos. Me arrependo de não ter tido filhos. Casei por dinheiro. Casei por medo da solidão. Não casei por que não me quiseram. Não perdoo meu pai. Estou sem paciência com os outros. Não tenho talento. Tive sorte. Nunca menti para me safar. Menti demais para não magoar. Nunca inventei um personagem. Inventei vários. Não sei direito quem eu sou. Não sei!

Anais Nin-Uma espiã na casa do amor (trechos)


"Nas múltiplas peregrinações de amor, ela era ágil em reconhecer os ecos dos desejos e amores maiores.Os grandes amores, especialmente se não tivessem tido morte natural, jamais morriam por completo e deixavam reverberações. Uma vez interrompidos , rompidos de maneira artificial , sufocados acidentalmente , eles continuavam a existir em fragmentos separados e infinitos ecos menores.
Uma vaga semelhança física, uma boca quase similar , uma voz levemente parecida , alguma partícula de caráter , emigrariam para um outro que ela reconhecia de imediato em uma multidão , em uma festa, pela ressonância erótica que despertava.


O desenho semelhante de uma boca era suficiente para retransmitir a corrente de sensações interrompidas , para recriar um contato por meio da receptividade passada, qual canal que conduz perfeitamente apenas parte do êxtase anterior através do canal dos sentidos , incitando vibrações e sensibilidades outrora despertadas por um amor total ou um total desejo por toda personalidade.
Tudo que tivesse sido arrancado do corpo , assim como da terra , extirpado violentamente , cortado, deixava debaixo da superfície raízes muito ilusórias, muito vivas , todas prontaspara medrar de novo sob uma associação artificial , por meio de um enxerto de sensações , dando nova vida a esse transplante de memória.

Vem


Quando ele me toca no escurecer de uma sala,
sinto as coisas mudarem de cor...colorirem.
Queria que ele fosse pele minha, sem precisar ser tocada.
Andar com ele colada aos musculos e ossos.
E sentir tudo naturalmente na transpiração
Na respiração
Na saliva

Ele fenece meu estar
Faz as coisas mudarem o sentido, lugar, significancia.
Ele purifica meu ar.
Ele se ausenta.Eu sofro.

Ah quando vem me ver?
Será que tenho que gritar sempre ,
pra ouvires o desespero do meu corpo langue.
Vem logo...
Me leva pra tua vida.
Me salva
Me faz sofrer.

Tu te introduziu nos meus infernos
E agora nao deixo te sair.
Não deixo não.
Vem , vem logo.

Tudo bem se é assim...





Tudo bem se é assim...
Foi uma enorme alegria receber aquele convite e tambem uma enorme decepção o "voltar atras".
Mas não fui tão inocente.No dia seguinte ponderei sobre tudo.Era felicidade demais pra ser creditada.Duvidei.E estava certa.Porem quis acreditar , isso sempre me faz bem...
Querido nunca te disse?Sou uma mulher do sentir "intenso"...
Tudo que sinto é forte, avassalador...terrivelmente intenso.
Paixões intensas, medos intensos , desejos intensos , tristezas intensas...
Tudo em mim é erupção vulcânica....nada é brisa.
Juro que não pensei em sentimentos romanticos quando me convidaste pra tal empreitada.Não sou tola e sei que nao desfrutas do mesmo sentimento meu.Não confundi com nenhum pedido de casamento.Apenas vi em voce uma pessoa com os mesmos interesses querendo dividir contas, bebedeiras, corpos , geladeiras.Porém , tudo em mim é erupção.E confesso que essa ideia chegou ate a me transformar numa dona de casa exemplar , dessas que vai buscar o chinelo do marido enquanto ele toma sua cerveja e assiste o futebol.
Ah querido cigano, desculpa se te sufoco...essa é outra das minhas erupções...Gostar de alguem pra mim é quase ganhar na loteria entende?É como sair de uma vida dura , apertada, sempre com contas a pagar e de repente ter um milhao nas mãos pra comprar o que quer e o que bem entender.
Lembra da auto-analogia que faço com os Buendía?Dos Cem Anos de Solidao?Do nao ter outra chance na face da terra?
É esse o desespero que sinto quando alguem faz meu dia ficar mais luminoso e cruelmente idilico.A esperança de cortar esse mal dos Buendia.De "ir á caçada na neve ao coelho marrom"... de segurar , abraçar , sufocar de carinho e dizer: - Ei , é de você que eu precisava todo esse tempo.Onde você estava ?Agora vem , penetra em mim e fica!

Nunca é tão fácil...Acostumei-me a isso.
Não,por favor, isso não é um choramingo, nem estou arrasada querendo pintar as unhas de vermelho e tomar outra garrafa de vinho..Apenas quero (tento) explicar o que se passa com esta lesma pegajosa que sou eu.
Está tudo bem...tudo entendido.Foi somente uma leve torpor de felicidade que se esvaiu (como todo torpor que se esvai).Já sabe que o que escrevo é erupção , nao vou ficar repetindo.Não precisa ficar preocupado.Estas são mais algumas linhas de redenção.Sao palavras de vida propria que nascem de mim e ja nao mais me pertencem.
E eu tambem não me despeço.Estou aqui com meu coração que já é tua morada com muitos meses de aluguel adiantado.Esperando que se mude com todos os móveis , panos , tralhas e discos de jazz.

Desditas

Querido

Não resisti em te escrever essas linhas....
Começo pedindo desculpas pelo meu jeito pegajoso (de lesma), e por ter te questionado na sexta.Nao foi por mal nao.Realmente me preocupei, por achar que eu seria o motivo do teu descontentamento.
Estava esperando uma noite feliz ao lado de um moço tão querido.E ao te ver distante , me desiquilibrei.

Querido...

Devo te falar... (talvez seria melhor falar tudo olhando nos olhos , mas ja nao sei quando de novo nos encontraremos).Já gosto muito de você sim...e como não é tolo já percebeu.Mas retifico seus pensamentos com essas palavras.Não direi estar apaixonada, por que esta palavra sempre me remete a egoismo , sentimentos de posse.
O que devo dizer é isto...ando sentindo muita saudade...e penso muito em você.E só eu sei a alegria que sinto quando estou ao seu lado.
Sim , fiquei muito afobada, por que você me limpou das marcas de um certo tolo percussionista quase idoso.Fiquei feliz so por isso.Há tempos estava na ansiedade de gostar de outro alguem , de me atrair por outro alguem, de ate sofrer por outro alguem.O que nao acontecia há pouco mais de tres anos.E quando o seu beijo me arrebatou , senti tudo florir.E por mais que um dia eu sofra por você , v aleu a pena ...por que sim não ha mais espaço pra este tolo que me reduziu ao "corpo de rolinha machucada".Entende?Você chegou e me fez feliz quando eu apenas esperava a morte passar . E sim ...isso me deixou aflita.Ansiosa.Inquieta.Quis você pra mim...
Talvez tenha esperado muito de você, o que talvez tenha te deixado insatisfeito com os tais questionamentos.
Mas te prometo : Não mais acontecerá.
A minha intenção era falar-te tudo isso na sexta...mas nao vi oportunidade.E como sinto sempre a necessidade premente de esvaziar os potinhos de sentimentos , escrevi.
E nao te escrevo com esperança de te impressionar, ou cobrar algo...escrevo apenas como forma de redenção, aplacar um pouco essa ansiedade.Me livrar...tirar esse peso das costas.
Aconteça o que acontecer, já me cativou.E impossível é não gostar de um moço tão lindo por dentro e por fora e com tanta pureza de sentimentos.Te adoro, haja o que houver...

Trechos de "O Germinal" de Émile Zóla



"Foi por essa época que Etienne começou a compreender as ideias que lhe fervilhavam na cabeça.Até então não passara de um revoltado instintivo absorvendo a surda fermentação dos companheiros.Uma gama variada de perguntas confusas não o deixava em paz:por que havia tanta miséria de um lado e tanta riqueza de outro?Por que estes tinham de viver escravizados àqueles sem a menor esperança de um dia mudarem de posição?A primeira etapa vencida foi a da compreensão de sua ignorancia.Uma vergonha secreta , um desgosto oculto começaram a atormentá-lo: nada sabia, não ousava falar sobre essas coisas que eram a sua paixão, a igualdade entre os homens , a justiçã que exigia que os bens da terra fossem repartidos entre todos.Por isso começou a estudar , sem métodos, como fazem aqueles que são ignorantes mas têm sede de saber."

"Desde que começara a instruir-se , a promiscuidade da aldeia mineira chocava-o.Então eram animais para viverem assim, amontoados, uns por cima dos outros, com tanto campo em volta, a ponto de não se poder trocar a camisa sem ter que mostrar o traseiro ao vizinho?E que bem fazia para a saude essa promiscuidade , com moças e rapazes apodrecendo juntos!
-Ora! - respondeu Maheu. - Se houvesse mais dinheiro viveriamos melhor...Mas de fato , só pode fazer mal viver amontoado desse jeito.Sempre termina com homens bebados e mulheres grávidas.


"Trabalhavam como bestas numa coisa que antes dó era feita pelos condenados às guilhotinas, morriam ali, muito antes de ter chegado a sua hora , e tudo isso para nem sequer terem carne no jantar.Ainda comiam, claro , mas tão pouco, apenas o suficiente para seguirem sofrendo , cheios de dívidas, perseguidos como se tivessem roubando o pão que não os deixava morrer de fome.Aos domingos sucubiam exaustos .Os unicos prazeres eram embriagar-se e fazer filhos na mulher.E ainda por cima a cerveja fazia crescer a barriga, e os filhos, mais tarde, renegavam os pais.Não , não , a vida não tinha graça alguma."

Pags 172,173,174

Uma aclamação rolou até ele , vindo dos confins da floresta .A lua agora, iluminava toda a clareira, recortava com arestas brilhantes o mar de cabeças por toda a confusa lonjura da marta de corte e por entre os enormes troncos cinzentos.E naquele ar glacial havia um ricto feroz nos rostos , olhos faiscantes , bocas abertas...Era todo um povo em delirio de possessão , homens mulheres e crianças famélicos, pronto para o assalto justo aos antigos bens de que estavam sendo esbulhados .Já nem sentiam mais frio , aquelas palavras religiosas , faziam -os pairas sobre a terra , era a febre da esperanças dos primeiros cristãos da Igreja esperando o reino proximo da justiça.

pag 291

A turba tinha visto Maigrat esgueirando-se pelo teto do galpão .Na sua ânsia , apesar do seu peso , ele subira agilmente pela latada, sem se preocupar com as ripas que quebravam; e agora espichavamse ao longo das telhas , esforçando-se para atingir a janela .MAs a inclinação era muito forte , sua barriga os estorvava , suas unhas estavam sendo arrancadas .Assim mesmo teriam se arrastado até a cumeeira, se não tivesse começado a tremer de medo de receber alguma pedrada, já que a multidão , que ele não conseguia ver , continuava a gritar lá embaixo:

- Pega o gato, pega o gato!Vamos fazê-lo em pedaços!
E bruscamente suas duas mãos se soltaram , ele rolou como uma bola , bateu na biqueira e caiu atravessado na parede-meia , tão desastradamente que foi espatifar-se na rua , onde abriu o crânio no ângulo de um marco.O cérebro esguchou.Estava morto. Sua mulher no alto, pálida e assustada por trás dos vidros continuava olhando.
Houve um momento de estupor .Etienne tinha parado e o machado escorregara de suas mãos .Maheu , Levaque , os outros todos esqueceram o armazém , os olhos voltados para a parede , de onde escorria lentamente um filete vermelho .Os gritos tinham cessado , abateu-se um silêncio pesado , na escuridão que aumentava.
Em seguida recomeçara os gritos .Eram as mulheres que se precipitavam , presas da embriaguez do sangue.
- A justiça tarda mais não falha ! Ah porco , morreste, enfim!
Rodearam o cadáver ainda quente e começaram a insultá-lo com gargalhadas de coisa imunda sua cabeça despedaçada , berrando na cara da morte o longo rancor de suas vidas sem pão.
- EU te devia sessenta francos , já está pago , ladrão!- gritou a mulher de Maheu , tão enfurecida quanto as outras .
- Nunca mais vais negar-te a me vender fiado...Espera!Espera!Vou engordar-te mais ainda...
Começou a cavar a terra com as duas mãos , tomou os dois punhados e os enfiou violentamente na boca do cadáver.
- Vai come ! Vamos come, come , tu , que nos comias!
As injúrias eram cada vez mais violentas , enquanto o morto , estendido de costas , olhava com seus grandes olhos vidrados o céu imenso de onde descia a noite .Aquela terra enfiada na sua boca , era o pão que ele tinha recusado.E de agora em diante , só comeria deste pão.Esfomear os pobres não lhe trouxe felicidade.
Mas as mulheres ainda queriam vingar-se.Rodeavam-no, farejando como lobas.Todas arquitetavam um ultraje que as desafogasse.
Ouviu-se a voz áspera da Queimada:
-Vamos castrá-lo como a um gato!
-Vamos!Ao gato ! Mãos a obra !Esse asqueroso já fez demais o que não devia!
Imediatamente a filha de Mouque começou a abrir-lhe a braguilha e a puxar-lhe as calças, enquanto a mulher de Levaque , levantava as pernas do morto .E a Queimada , com suas mãos secas de velha , abriu-lhe as coxas nuas e empunhou a virilidade morta.Segurou tudo e fez tal esforço para extirpar o membro que suas costas magras se distenderam e seus bra~ços enormes estalaram .Mas a pele mole resistia , ela teve de atracar-se novamente e acabou arrancando o despojo , um pedaço de carne cabeluda e sangrenta que agitou no ar com uma gargalhada de triunfo:
- Pronto , aqui está!
Vozes esganiçadas saudaram com imprecações o horrível troféu.
- Ah desgraçado! Não engravidarás mais as nossas filhas!
- Chega ! Não te pagaremos mais com a nossa carne! Nunca mais teremos de abrir as pernas para conseguir um pão !
- Olha eu te devo seis francos...Queres fazer uma brincadeira por conta? Eu estou pronta , se tu ainda podes!
Este gracejo sacudiu-as com uma gargalhada feroz.Passavam umas ás outras a carne pingando sangue, como a um animal tinhoso que cada uma tivera de suportar e que acabavam de esmagar , que agora tinham ali , inerte , á sua mercê.Cuspiam em cima , arreganhavam os dentes repetindo , numa furiosa explosão de desprezo:
- Ele não pode mais ! Ele não pode mais ! Já não é mais um homen que vai para a cova !Começa logo a apodrecer inútil.
A Queimada , então , espetou o naco de carne na ponta da sua vara e , levantando-o bem ao alto, como um estandarte , empreendeu a marcha, seguida pela debandada ululante das mulheres .O sangue gotejava sobre elas , o despojo horripilante pendia como um pedaço de carne no gancho de um açougue.E a chusma de mulheres saiu estrada afora com o animal tinhosos, o animal decepado na ponta da vara.

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"Um homen pode ser valente , uma multidão que morre de fome não tem força pra nada."

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(...)
Mas ele ficou onde estava e tomou-a pela cintura , numa carícia de tristeza e pena.Em camisola, apertados um ao outro, sentiram o calor de sua pele nua , á beira daquela cama tépida do sono da noite.O primeiro movimento dela fora afastar-se , depois pôs -se a chorar baixinho , agarrando-o pelo pescoço para mantê-lo contra si, num abraço desesperado.E ficaram assim , sem outro desejo , com o passado dos seus amores infelizes, que não tinham podido satisfazer .Estava então tudo acabado, não ousariam amar-se um dia , agora que eram livres?Um pouquinho de felicidade seria o bastante para dissipar sua vergonha , esse mal estar que os impedia de seguirem juntos , devido a uma infinidade de ideias , que nem eles mesmos sabiam o que era.
-Vai deitar-te - murmurou ela- Não quero acender a a luz para não acordar mamãe...Já está na hora, vai...
Mas ele não escutava, abraçava-a desesperadamente , o coração imerso em profunda tristeza .Uma necessidade de paz, um invencível desejo de ser feliz invadia-o.E via-se casado, numa casinha limpa , sem outra ambição do que a deviverem e morrerem asim , juntos.Só pão lhe bastaria; e mesmo que houvesse apenas para um, esse pedaço seria para ela .Para que mais? A vida valeria mais que isso ?

p.470

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Depois confessou, voltava pra mina.Sim , tinha jurado, mas nao era vida esperar de braços cruzados que as coisas , talvez dentro de cem anos , acontecessem ; além disso , razões suas tinham feito com que decidisse.
Suvarin escutara-o arrepiado.Agarrando-o por um braço, empurrou-o de volta `a aldeia.
-Volta já pra casa!
Catherine se aproximou , ele reconheceu-a também.Etienne protestou , declarou que ninguem tinha o direito de julgar seus atos.E os olhos do mecanico foram da moça ao companheiro , enquanto recuava um passo , com um gesto brusco de desistencia .Quando um homen tinha uma mulher no coração, estava liquidado , podia morrer.Talvez tenha visto , numa rápida visão , lá em Moscou , sua amante enforcada, o último laço carnal que cortara, que o tornara livre da vida dos outros e da sua .Disse simplesmente:
-Vai
p. 472
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