Quem de nós duas é a mais voluptuosa?...e quem de nós duas a mais sapiente?
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Você cala , e o jogo termina...
Fui morar ao lado da sua casa.
Inventei milhões de motivos falsos pra isso:
- Ah estava barato.
-Ah é perto da minha família.
-Ah é um lugar bacana.
-Ah o pôr do sol é mais lindo.
-Ah o ar é mais respirável.
Mas no fundo, bem no fundo mesmo, mesmo que eu morra mentindo pra mim mesma o contrário, era pra eu sentir o cheiro do seu suor em qualquer canto do bairro. É doentio eu sei... mas não sei ser de outra forma ...infelizmente...como eu queria ler livros de auto ajuda e escutar aquela vozinha divina dizendo : Foi só mais um ...a vida é assim de autos e baixos e você precisa estar preparada pra isso. Você precisa galgar os degraus. E recomeçar a vida mesmo que seja dolorosa a caminhada.
.Mas não, eu não sou assim... sou destrutiva até não dar mais , procuro o pior até que o mais pior não mais exista. Então procurei você depois de tudo que me causou com o término. Ou eu me causei é a pergunta certa?
Encontrei-te zilhões de vezes (ou três) pelas esquinas beberronas do mesmo bairro e disse estar tudo bem. Disse pra mim mesma que estava tudo bem... Mas não...não está. E hoje exatamente hoje, quando realmente a vida tava um inferno fui à rua comprar cigarros e te encontro em frente a um bar vendo o jogo do flamengo... e peço como que implorando pra me fazer companhia, por que estou sozinha ...E você diz com aquele olhar sem nenhum resquício de paixão: - Não vai dar...estou de saída, só estou aguardando o final do jogo. Eu olho com aquele olhar “sabe-se como” e pergunto você se importa de eu permanecer naquele local até não sei quem chegar... é a desculpa que encontro não tão esfarrapada assim ...e você diz : Claro que não...E eu fico num silêncio aterrador prestando atenção em um jogo que nem mais sei de que time é ...e pensando em milhões de outras coisas ...Você quebra o silêncio com qualquer coisa desimportante...e eu prossigo com qualquer outra coisa mais desimportante ainda. E solto: - Sinto falta de sua amizade (será? , ou é na verdade do pau? Ou dos braços que me circundavam a noite ? ou dos cachos do seu cabelo ? ou do cheiro? Ou de me falares no ouvido : te amo ?)...e você diz com aquela paz de espírito invejável : Você realmente quer começar com isso?...você realmente quer me ver me sentindo mal por isso ?
Eu digo : só estou falando a verdade, ...você me fazia bem...e agora não sei a quem recorrer...só isso...sinto realmente falta de sua amizade , por que não vejo qualquer esperança de você voltar.
Você cala , e o jogo termina , e algo em mim também morre: você vai embora e agora ?E não lembro mais quem falou o quê primeiro por que já estava alcoolizada, (também não sei por que, mas não havia mais nada de bom pra se fazer numa noite solitária de domingo...então eu bebi , mas antes tentei curar a solidão com um chocolate quente , se é que isso me defende.) mas você resolve ficar até “não sei quem” chegar e que me faça companhia em minha casa...
Alguma luz se acende em mim, mas ela é falsa...e sempre é falsa, por que minha alma é escura...infelizmente é escura.
Sigo ao teu lado até qualquer canto em que possamos sentar...e você diz como se eu houvesse perguntado: - Ainda sou seu amigo , e por isso mesmo me sinto responsável por você e não quero que tenha esperança de um retorno. Quero ver você bem.
- Eu não tenho esperança...- é o que eu minto pra mim mesma e pra você...eu não enxergo nenhum resquício de esperança no teu olho (isso é verdade).
E você diz : - Embora eu acredite nisso, que você não enxerga esperança , sei que você pode transformar urubus verdes em grilos falantes. (não são essas palavras que você usa , mas era como se fosse.) Sei que você anda escrevendo blogs sobre mim...que você mesmo sem perceber deixa transparecer sua tristeza, e eu não quero ser seu aliado nisso.
Eu entendo, mesmo que triste e digo:
- O que escrevi foram coisas que sempre escrevo ...com você ou sem você. Eu transformo tudo em poesia de quinta categoria mesmo quando não quero.
E você diz :
- Eu te conheço , não precisa mentir.
Eu me calo. Você me conhece. Você me conhece há tempos. Não posso mentir ...você sabe de todas as minhas fraquezas. Você sabe quando eu minto...então me sinto ridícula. Mas permaneço forte por fora, embora a vontade que tenho é de chorar no teu ombro e de pedir pra ficar...mas isso só estragaria tudo.
Até que eu digo: -o que posso te dizer agora é que sinto falta de sua amizade , de ser escutada por você, de ser acalentada por você enfim...não tenho realmente esperança alguma que volte...Eu tô até me relacionando com outra pessoa (não sei por que disse isso , mas disse)
E você diz da mesma forma que pergunta se tenho um cigarro : - Mas e você? Ainda gosta de mim?
E eu digo com toda certeza do mundo: - Claro que gosto.
E você:( ...)então é por isso, não quero falar qualquer coisa que te acenda alguma esperança ...tenho medo disso ...sou ainda responsável por você. E gosto muito de você pra te fazer mal. Embora o mal que eu tenha feito tenha sido inevitável. Eu fui realmente apaixonado por você, mas aconteceram coisas que me fizeram desapaixonar.
Então me sinto culpada. Lembro-me de tudo o que fiz inocentemente, achando que você “um- homem –não- machista” pudesse entender...coisas que você “um- homem- não –ciumento”, nem ligaria...Mas me enganei...fiz coisas das quais não tinha a menor necessidade pois você realmente me completava de todas as formas. Vi em você tanta liberdade que não vi possibilidade alguma de você ter algum ciúme de mim. Então fui livre...mas não fiz nada de mal...Não te traí, embora em sua cabeça possa ter passado o contrário. Nunca senti essa necessidade , pois era você , teu cheiro , teu pau , teus cachos, teu amor que queria por perto ...não queria ninguém além disso que eu tinha: você, embora de maneira tão parca.
“Eu estou falando que essa merda desse mundo foi feito para a felicidade do homem , por que as babacas das mulheres fazem qualquer coisa para mantê-los : nós fingimos, nós nos enfeitamos, nós temos as ideias mais legais para as férias, nós somos muito mais divertidas do que vocês , muito mais gentis , mais cheirosas , mais delicadas. Tudo pra que vocês não se retirem de nós. Retirem suas pirocas de nós. E o mais engraçado é que vocês vão fodendo com tudo, a ponto de serem deixados. E jamais se esforçam para não nos perder. Por que no fundo, vocês sabem que toda mulher faz qualquer coisa para segurar seu homem.”
Foi o que lembrei na exata hora, um trecho do livro de Fernanda Young...eu fiz de tudo pra manter do meu lado...e fiz merda também tentando te mostrar que eu não precisava tanto de você...ou que pelo menos você não era o único amor da minha vida ...Mas era mentira ...tudo o que fiz antes de você começar a cogitar que não mais me amava , foi pra mostrar que eu era livre, que eu era livre com a liberdade que você mesmo me deu, e que de repente eu amava mais a mim do que a você. Tentei mostrar que agora eu era diferente da época que ensaiamos algum romance há qualquer 10 anos atrás. Mas eu sou a mesma doentia de sempre, com a única diferença de que algumas arestas foram aparadas , mas nada além disso. Eu amadureci ? Talvez eu tenha amadurecido , mas não o bastante...e vir morar sozinha agora foi uma tentativa de amadurecer...Mas amadurecer dói e eu não estou aguentando a dor por ora...mas posso vir a aguentar, é o que espero...eu acho. Estou tentando. É o que digo por enquanto...e estou me sentindo muito ridícula de sempre me justificar dizendo “por enquanto”...mas é o que posso dizer ...”por enquanto”.
Hoje você me fez uma singela companhia por alguns momentos tão rápidos e se despediu. Nos abraçamos daquela forma que eu não queria...aquela obrigação de me abraçar e dizer “conta comigo sempre”, mas no meu íntimo sei que não será assim...que embora você diga: quando precisar pra qualquer coisa , conta comigo. Eu sei que se realmente eu ligasse , você diria : Hoje não dá, é melhor não “...e se num segundo dia eu precisar de você ,viria com a mesma resposta :” : Hoje não dá, é melhor não ““...e no terceiro dia você virá com a mesma resposta : - ...
E então só tive vontade de ligar pra minha mãe e dizer tão contrariamente aquilo que ela esta acostumada a escutar : “- Mãe eu tenho medo”, e desligar no exato momento que tiver a certeza de que ela entendeu...Mas eu não fiz isso...me recolhi em meio de tanta gente feliz e satisfeita tentando encontrar algum rosto que fosse o teu , e te segurasse pelos cabelos e dissesse: - Por favor não faz isso, volta.
Mas deus não ajuda quem nem sequer diz seu nome em qualquer momento de trevas. E mesmo que me ajudasse, e eu te encontrasse, repetiria todo papo torto que tive contigo há minutos atrás. Então volto, sem deus , sem esperança, sem qualquer coisa que me esboce qualquer sorriso...então chóro. Talvez ainda com a esperança de encontrar qualquer mendigo miserável e bêbado como eu e me abra desnecessariamente só pra vazar aquelas tristezas todas presas no peito .Que conte que estou esdruxulamente deprimida, que estou esvanecendo , que estou morta em vida e por você.
Mas não , nada disso acontece ...e nem acontecerá “por enquanto”...e então volto ao leito de fraquezas e me abandono no tapete com vodkas , musicas e poesias....É um alento...mas por enquanto.
ARTE DE EDUARDO NASI (VIDA BREVE)
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3 comentários:
Oi!
Intenso seu texto. Deixa agente um pouco intranquilo. Amar me tem sido complicado assim como procurar um emprego.
COMO UMA GOTA D’ÁGUA
Somes de mim
Como as areias de uma duna no deserto
Entidade nômade embotada de solidão
E aquelas cartas psicografadas
Mensagens de um espírito desesperado de amor
Aqueles textos tão densos
Cheios do magma incandescente de um vulcão
Mas que agora adormece
Somes de mim
Como a estrela morta
Que deixou seu brilho a vaguear o espaço
Como o ócio que se acende em cada cigarro
E a ponta de vida que morre em seus tragos
O silêncio da madrugada
Que era antes cortado pelas curtas palavras
Que nunca à ninguém foram ditas
Que nunca ousamos dizer
Somes de mim
Como o soar dos sinos tocados por seus badalos
A escoar pelo ralo da noite
Sacudidos pelo vento frio que nos franze a testa
E os livros das verdades contando histórias de mentira
A nos ludibriar nas quânticas, bios, metas... E filosofias
Somes de mim
Como a triste bruma de que tanto falas
Como idéias que transitam a imaginação
E faceteiam cada palavra
Embalada numa dança
Que segue o som das metáforas, traiçoeiras metáforas...
A não se aproximar do "exatamente"
Um instante parado no tempo e que está pra cair
Como uma gota d'água
beijO!
Obrigada David , pelo seu comentario....seu texto tb me deixou intranquila , ao mesmo tempo acalentada por que é bom saber que eu nao sou a unica que sofro ou desespero...outro beijo.
Ah , você é o das poesias da UFRJ ne ?
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